Atualidade. O que dizer da realidade em que vivemos, que assassinar uma pessoa deixou de ser caso de polícia e se tornou um palco de representações nas telas da TV. Os mortos estão ficando cada vez mais conhecidos, os bandidos também. Ter seu nome divulgado na televisão como assassino é crédito pra esses bandidos. E quando se trata de um homem conhecido, mata ou manda matar a amante, que fazia filmes pornôs e participava de orgias com jogadores de futebol, por ter engravidado dele? Os casos cada vez mais bizarros, a fama toma lugar do medo da punição, a justiça tenta fazer sua parte, mas também faz isso porque o cinema está em alta.
E as famílias que não aparecem? Como elas devem se sentir ao ver todo dia a cada hora um noticiário divulgando com tal pessoa foi assassinada. Quem está sendo refém da crueldade desses holofotes é a própria sociedade que toma café com assassinato e janta corrupção com arroz e feijão. Se o infrator que tira a vida de alguém deve pagar, tem que pagar em regime fechado e restrito à mídia.
Estamos desfocando a visão da justiça, da punição, tranformando crime em cinema. Falo da Tv somente, porque ela é o meio de comuniação que além de atingir a massa, fala pelas pessoas, faz as pessoas interpretarem o que ela transmite. Um jornal impresso te dá os dados, te mostra os resultados e faz refletir e julgar como interpretado.
A Tv lança imagens, texto, som, expressões e repressões do público, faz uma montagem daquilo que simplismente deveria ser aplicado apenas a pena, punição contra o acusado. Hoje fazemos o papel da justiça, dos revoltados, dos descontentes e dos injustiçados. Não vivemos em uma sociedade tranquila e sem violência, mas também não podemos viver na sociedade do espetáculo, onde há mocinhos, bandidos e os policiais que sempre chegam atrasados no fim do filme. A informação é essencial para as pessoas, mas seu excesso pode nos desencontrar da vida real.